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Muitos jogadores demonstram, ainda durante a carreira, potencial para serem técnicos depois da aposentadoria. Um dos fatores primordiais nesse processo de transição é a capacidade que eles têm para liderar o elenco em que estão inseridos.

 Mas a liderança exercida por atletas é igual ao que é feito por treinadores?
“Você pode até desempenhar certa ascendência sobre os outros atletas enquanto jogador, mas precisa se dissociar disso para iniciar a carreira de técnico. 
Uma coisa é estar ali como referência e outra é comandar”, compara Mano Menezes.

Quando era jogador, o ex-volante Pintado sempre se destacou pela capacidade de liderar e orientar seus companheiros. A despeito de admitir que essa característica foi um dos motivos para ter se tornado treinador, corroborou a idéia de que é preciso mudar o tipo de ascendência.
“Você precisa ter líderes em campo sempre, porque o líder serve como motivação e exemplo. Além disso, o líder ajuda o treinador a conseguir passar para os atletas as coisas que ele acha necessárias. Essa liderança é importante, mas é totalmente diferente do que um técnico faz”, explica Pintado. A principal diferença entre as duas posições é a natureza da liderança.  Enquanto o jogador que guia o grupo é um líder por características próprias, o treinador tem essa função por uma questão de hierarquia. “O treinador é o chefe de tudo”. Ele é o cara que é mais cobrado e que tem a responsabilidade de escolher os caminhos. O grupo tem de ter líderes, mas eles agem para motivar os companheiros a seguir as coisas traçadas pelo técnico”. Diz Muricy Ramalho.
Além da diferença na natureza da liderança, é importante que o treinador reconheça seu papel diferente em relação aos atletas no processo de gerenciamento de equipes de futebol. Isso é fundamental para garantir correções de rota e facilitar a interação no elenco. “Quando você é atleta, precisa se esforçar para dar o melhor no treino e ajudar os companheiros a conseguirem esse melhor também. O técnico, além de extrair as coisas boas de todos, precisam saber como usá-las para montar um time forte. Esse trabalho vai muito além dos treinos e jogos, e por isso é importante ele saber que não pode ter a mentalidade que tinha quando jogava”, lembra Muricy.
Mas como o jogador pode fazer para abandonar a mentalidade de atleta e passar a enxergar o grupo como um técnico? “O mais importante é a preparação. Ele pode até saber ler o jogo ou identificar problemas nos atletas, mas não vai saber como arrumar essas coisas se não for se atualizar e estudar” determina o ex-atleta e treinador Dino Sani.

A diferença entre jogadores líderes para técnicos líderes