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Muito se fala no mundo do Futebol que a gestão de um grupo é sempre mais fácil no ambiente de vitória.

Porque as vitórias deixam nosso estado anímico em alta. Porque as vitórias ajudam a esconder quaisquer debilidades existentes no Modelo de Jogo idealizado pelo Treinador. Porque as vitórias são o selo de qualidade das Idéias do Treinador. 
Entende-se então que, quando á vitórias, o cenário é positivo, certo?
Mesmo que a qualidade do jogo não seja razoável. Quando há vitórias, tudo parece, bem, será?
Mesmo que a percepção seja que o individual está resolvendo os problemas que o coletivo não resolve. 
E como será a gestão do grupo quando não se ganha?
Como será a gestão do vestiário que lida mais vezes com a derrota?
Como será a gestão emocional dos jogadores que não vê recompensado o seu esforço?

Creio que as minhas experiências pode me ajudar a desenvolver este artigo. Experiência que viví na temporada 2022. Uma temporada que me fez conviver com o lado amargo da derrota. Uma temporada que me levou a descobrir os caminhos por quem perde mais vezes do que aquelas que esperava. Uma temporada que me ajudou a perceber o quanto é importante a gestão emocional. Que por uma série de razões, nem sempre se vence. Começo pelo trivial: não há um livro de receitas mágicas que nos ajude a lidar com um cenário de derrotas. O que há, ou pode haver é a sensibilidade para um conjunto de situações que podemos procurar antever, pois é impossível prevermos tudo, seja a nível do trabalho de campo, seja a nível das relações e reações dentro do grupo com o qual trabalhamos e do qual fazemos parte.

E este é um ponto chave. O Treinador nunca pode esquecer de que faz parte do grupo que dirige. O Treinador nunca pode se colocar á margem do grupo de trabalho quando os resultados negativos começam a surgir. O Treinador nunca pode se esquecer que existe um grupo de trabalho e que ele é o principal responsável por este grupo. Assim sendo, o Treinador deve medir muito bem as suas ações e suas palavras. A forma como comunica, dentro e fora, pode influenciar o seu rendimento junto ao grupo de trabalho e, consequentemente, o seu próprio grupo. Para além da percepção do seu papel como membro integrante do grupo de jogadores que dirige, o Treinador não pode nunca esquecer do  componente humano dos seus jogadores. Estamos a falar de grupos que vencem menos do que os outros. O jogadores, assim como o próprio Treinador, detestam perder, ficam frustrados, sentem-se impotentes e caem facilmente na desmotivação. Sejamos sinceros: treinar na chuva, no calor, perder horas de convívio familiar, para depois chegar ao domingo e não ganhar é duro. E o Treinador tem que perceber isso. O Treinador não pode negligenciar estes fatores. Se o fizer terá uma vida difícil para si próprio, para a sua gestão e para a sua liderança.O Treinador deve manter o seu foco, mesmo que este não possa ser traduzido na obtenção de pontos e no alcançar da melhor classificação possível. O Treinador deve perceber que, se as condições não lhe permite disputar cada jogo de igual para igual com os seus adversários (mesmo que ele tente e seja audacioso ao ponto de nunca jogar com o bloco baixo, ao ponto de nunca apostar no anti-jogo, etc), então o foco tem de ser outro. Não é tarefa fácil. O fundamental é ter um Staff que trabalhe, de suporte e ajude a desenvolver um trabalho que permita potencializar individualmente cada um dos joagadores, quer do ponto de vista técnico-tático, quer do ponto de vista humano, neste caso, o mais importante neste cenário. Eu acredito que é nesse caminho que devemos ir. 
O Treinador e a gestão do vestiário