Publicado em: 00/00/0000

Por onde começarPelas idéias

Escolher um Treinador. Cada projeto exige um treinador especial, mas o projeto tem que ser sempre do clube e nunca do treinador. O treinador é uma peça fundamental em qualquer clube e é uma área onde é necessário dispender imenso tempo para encontrar a peça certa. O que não se pode fazer é trazer um treinador e só depois é que se pensa o projeto. Existe, desde logo, um problema: a confusão entre o “bom” e o “certo”, que resulta na simplificação conceitual, isto é, que um treinador bom seja automaticamente um treinador certo. Um treinador pode ser bom, mas para ser o certo é preciso refletir, ponderar e pesar muitos outros fatores, para lá desse suposto “bom”, dos quais vai depender, diretamente, o (in)sucesso da escolha.


É fundamental estudar o país onde estamos, a cultura que existe, social e futebolística, porque existem futebóis diferentes: jogar no Brasil é completamente diferente de jogar na França. É preciso conhecer a realidade dos clubes, a cidade, as pessoas, os torcedores, é importante ouvir ex-jogadores e ex-treinadores. É necessário absorver muita informação para se criar um primeiro esboço do projeto. Sem isso, acredito que não estamos indo na direção certa. Temos que respeitar o que já existe, perceber o que tem de melhor e perceber como o podemos potencializar, juntando, pouco a pouco, as nossas idéias.


OUTRO PONTO FUNDAMENTAL, O MODELO DE JOGO FORA DO CAMPO

Para mim, modelo de jogo é algo muito largo, não se vê só no campo, mas também fora dele, como a exigência no dia-a-dia, o cumprir regras, o perceber que 8h01 não é o mesmo que 8 horas, que se o treino está marcado para as 9h30 então começa mesmo às 9h30.  Tudo isso entra naquilo que será a forma de jogar da equipe. Se não houver exigência no dia-a-dia, durante a semana, não vai ser o treinador, por gritar e gesticular muito, que vai resolver alguma coisa.


A IMPORTÂNCIA DAS QUALIDADES HUMANAS

 Já me aconteceu encontrar o especialista certo e ele depois não ter as qualidades humanas e pessoais que achava necessárias. Eu não consigo contratar ninguém, seja o jogador ou um roupeiro, sem estar com as pessoas e sem perceber ao máximo a personalidade de cada um e, mais importante, sem perceber se essa personalidade consegue encaixar no nosso quebra cabeça (…) O motorista que vai buscar o jogador que chega pela primeira vez à nossa equipe já tem que se conectar com esse jogador.


O SCOUT DO FUTURO

O scout evoluiu muito e vai continuar a evoluir. Uma das coisas em que é possível melhorar tem a ver com o perfil psicológico dos jogadores, algo que é muito desafiador porque envolve várias coisas diferentes, como a linguagem corporal ou tudo o que está à volta dele e as pessoas que o rodeiam. Outra coisa tem a ver com perceber as outras equipes. Uma das dificuldades dos treinadores prende-se com tentar adivinhar o que o adversário vai fazer. Muitas vezes, chega-se ao jogo e o adversário mudou a equipe, a estrutura tática; ou seja, num momento de grande stress o nosso treinador tem que repensar e mudar coisas. Neste momento, estamos a trabalhar numa ferramenta que permite ao treinador visualizar rapidamente o que é que aquele adversário, organizado daquela determinada forma, pode fazer e que movimentos vão surgir mais vezes.

Juanma Lillo: “Eu sei porque é que os clubes despedem os treinadores; o que eu não sei é por que razão os contratam”.



O Treinador e o projeto esportivo